sexta-feira, setembro 21, 2012

Gestão é desafio para sojicultura

Produção traduz eficiência do setor, mas gestão ainda é deficiência
A próxima safra de soja em Mato Grosso - cujo plantio tem início logo após o fim do vazio sanitário - reservará a Mato Grosso números históricos. A produção estimada é a maior já calculada e acima de 24,1 milhões de toneladas em uma área de 8 milhões de hectares. Mas se os números traduzem a eficiência de uma atividade - cuja produção hoje representa 36% da produção agrícola total do estado - o desafio é profissionalizar o modelo de gestão dentro das propriedades. O entendimento é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) na unidade federada, Carlos Fávaro. De acordo com o dirigente, é preciso modernizar a gestão na atividade, ou seja, recorrer à sistemas tecnificados para traduzir o real funcionamento das propriedades. "O produtor precisa ter gestão, hoje um desafio. Negócio com má gestão nunca vai dar certo", enfatizou Carlos Fávaro. Para o dirigente, o produtor já é tecnificado, mas ainda recorre a um modelo em muitas vezes ultrapassado. "No setor agrícola os produtores aderem às novas tecnologias. Queremos que isso ocorra na gestão e que não fiquem no tempo da caneta, agenda, fazendo a contabilidade grosseira", lembrou o dirigente. Desde a temporada agrícola 2007/08 um projeto desenvolvido pela Aprosoja vem identificando os principais gargalos no modelo de gestão. É o "Referência", cujo objetivo é possibilitar ao produtor analisar os principais indicadores de gestão porteira para dentro. A aposta é a implementação de ferramentas tecnológicas para melhorar em ações da área técnica, produção, comercialização. Os resultados do projeto foram apresentados nessa quinta-feira (13) durante Workshop em Cuiabá (MT). "Nem sempre quem produz mais tem mais lucro. Ele precisa comprar bem, gerir bem as aplicações para ter resultado. O número de produtores aderindo ao projeto em crescimento. Não há espaço para o amadorismo [na atividade agrícola]", afirmou Carlos Fávaro. Na safra 2011/12, 108 produtores participaram do projeto e 175 mil hectares plantados com soja foram monitorados. Os números mostraram que a média geral dos produtores alcançou 54,3 sacas por hectare. Mas em grupos considerados mais lucrativos chegou a 57,4 sacas por hectare. Mas uma faixa específica de produtores ficou no grupo dos menos lucrativos, com 51,1 sacas por hectare. O projeto conseguiu identificar ainda que no grupo de produtores pesquisados, parte conseguiu aproveitar preços da saca de soja na faixa mais lucrativa de R$ 41,45. A média geral ficou em R$ 40,73, enquanto a menor em R$ 39,99. Em relação ao milho, o projeto constatou que a produtividade média mensurada pelo projeto Referência chegou em 106,9 sacas por hectare na temporada 2011/12. A máxima somou 109,9 sacas por tonelada, enquanto a mais baixa outras 103,4 sacas. Cresceu a participação do milho segunda safra na margem bruta total. No norte do estado, por exemplo, saltou de 26,6% para 31,1% entre 2010/11 e 2011/12, respectivamente. No Leste, foi para 8% neste ano. No Oeste, avançou de 17,5% para 32,8%. O Sul do Estado foi a única região a registrar recuo. De 30,6% recuou para 23,1%, segundo o projeto. "Cada vez mais os custos estão mais altos, as pragas mais agressivas e só vai se sustentar na atividade quem for profissional e entender sua gestão", considerou ainda o presidente da Aprosoja em Mato Grosso. Em Feliz Natal, município a 538 quilômetros de Cuiabá, o produtor Eguiberto Gabe diz ter redirecionado os investimentos na propriedade desde que decidiu aderir ao projeto. Os recursos destinados especialmente para benfeitorias e máquinas foram transferidos para fortalecer a produção em 700 hectares e soja e milho. "Decidimos parar com os investimentos e investimos mais na lavoura porque pelo projeto conseguimos ver onde se investia de forma errada", expressou o produtor. Na safra a produtividade da soja caiu 5% em função de problemas com o clima e a ferrugem asiática. "A rentabilidade foi boa, mas só não melhorou em função das oscilações de mercado", contextualizou o produtor rural ao Agrodebate. Como explica o consultor do projeto, João Vianna, parâmetros norteiam a tomada de decisão pelos agricultores. "O desafio é ter um processo produtivo sustentável. Mas um ano bom e interessante não será bom para todos. É importante saber aproveitar os anos para entender como enfrentar as épocas ruins", explicou o consultor. Segundo o gerente de Planejamento da Aprosoja, Cid Sanches, há um interesse maior dos produtores de fazerem parte do projeto. Entre 2007/08 a 2011/12 a adesão cresceu 170%. Alta explica pelo interesse em profissionalizar a atividade. "Isto proque o projeto mostra onde se pode melhorar", considerou. FONTE: PORTAL DO AGRONEGÓCIO

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