segunda-feira, maio 21, 2012

A importância do milheto na disponibilização de potássio

Desde a década de 90 vêm ocorrendo mudanças nos sistemas de produção no Brasil, no que se refere à rotação e sucessão de culturas, à consorciação de culturas anuais com pastagens, à distribuição espacial e temporal no território brasileiro, bem como no nível tecnológico atualmente recomendado e utilizado. Isso implica que os conceitos sobre as exigências nutricionais e o manejo da adubação sejam revistos.

Ao elaborar um programa de adubação para as culturas, seja para produção de grãos, seja para forragem, é importante levar em consideração como estão inseridas no sistema de produção utilizado. Assim, ao analisar as necessidades nutricionais e o manejo da adubação, deve-se rever a mudança do cenário com relação ao estado atual dos sistemas de produção no contexto da agricultura brasileira, o que acarreta diferenças nas exigências nutricionais e ciclagem dos nutrientes pelas culturas componentes dos sistemas de produção.

O milheto como componente do sistema de produção

O milheto, no Brasil tem sido utilizado com sucesso, de diversas formas: como planta forrageira, pastoreio para o gado, especialmente na região Sul, como produção de grãos, para a fabricação de ração e como planta de cobertura de solo, para o sistema de plantio direto.

Este último uso tem sido um dos responsáveis pelo aumento da expansão da cultura, em virtude do avanço da semeadura direta pelas regiões do cerrado, onde o milheto se desenvolve muito bem em situações adversas de clima e solo e pela sua capacidade de extração de nutrientes do solo, devido ao sistema radicular profundo e abundante, promovendo a ciclagem de nutrientes para a camada mais superficial.

Este, talvez, seja o principal motivo para a ampla adoção do milheto nas regiões do Cerrado, onde atualmente estima-se que ele ocupe cerca de quatro milhões de hectares e ajuda a consolidar o sistema de plantio direto.

Uma característica reconhecida do milheto e que tem sido amplamente divulgada é sua adaptabilidade aos solos ácidos e de baixa fertilidade, o que é extremamente limitante para o cultivo do milho, sorgo e outras culturas. Essa boa adaptação se deve à sua capacidade de extração de nutrientes, face ao seu sistema radicular profundo e abundante, podendo atingir mais de dois metros de profundidade.

No entanto, o milheto responde à correção do solo e adubação, sendo essas técnicas fundamentais para se obter maiores patamares de produtividade. Resultados publicados na literatura indicam que a produção de palhada (massa seca) de milheto, quando cultivado na primavera ou verão, varia de 6 a 20 t ha-1, enquanto na safrinha atinge de 3 a 10 t ha-1, com cultivares melhoradas e condições adequadas de cultivo.

Ciclagem do potássio pelo milheto

As exigências nutricionais do milheto variam com a idade da planta, tornando-se mais intensas no início da fase reprodutiva. Entre os 51 e 93 dias após a semeadura, há uma elevada taxa de acúmulo de massa seca, que deve ser acompanhada pelo acúmulo de nutrientes. Esse período coincide com a fase de enchimento de grãos.

A demanda de nutrientes pelo milheto depende do potencial de produtividade. À medida que aumenta o potencial ou a expectativa de produção (biomassa ou grãos), aumenta a demanda de nutrientes pela planta.

A extração de nutrientes aumenta com o aumento na produtividade de massa seca, sendo que a maior exigência do milheto refere-se ao potássio e nitrogênio, seguindo-se cálcio, magnésio, fósforo e enxofre. Adicionalmente à idade e expectativa de produtividade, deve-se considerar a finalidade de uso do milheto: forragem, produção de grãos ou planta de cobertura no sistema plantio direto, pois cada uma implicará numa dinâmica diferenciada da ciclagem dos nutrientes no sistema solo-planta.

Extração de nutrientes

A extração de K pelo milheto é extremamente alta e ao contrário do N e do P, não mostra uma correlação direta com o potencial de produção de palhada. Isto se deve, provavelmente, ao fato de que nos locais com menores produtividades de palhada o N e o P foram os nutrientes limitantes e os solos apresentavam teores adequados de K.

Assim, as diferenças observadas nos teores de K contidos nas palhadas de milheto são devidas às diferenças entre os solos na capacidade de suprimento deste nutriente, nos locais onde foram conduzidos os experimentos.

É sabido que as culturas, de modo geral, apresentam um consumo de luxo de K. Em solos com altos teores deste nutriente haverá um consumo excessivo deste nutriente. A ciclagem de K assume importância nos sistemas de produção agrícola, visto que enquanto a fixação biológica é uma importante fonte de N para o ecossistema, não existem fontes renováveis de K no ciclo biogeoquímico.

Assim, o K absorvido pelas plantas é, pois, somente oriundo da reserva existente nos solos, ciclado de resíduos de culturas e advindo da aplicação de fertilizantes mineral e orgânico.

FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

Milho + braquiária: consórcio que dá certo

Técnica aumenta produtividade da soja cultivada em sucessão em até 20%, além de diminuir incidência de plantas daninhas e estruturar o solo

A tecnologia foi implantada na região paulista do Médio Paranapanema em rede de experimentos e áreas demonstrativas. O projeto é uma parceria entre o IAC, as cooperativas Coopermota e Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulistas (CAP), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). É uma técnica direcionada para milho safrinha, o que a difere da integração lavoura pecuária. Ela consiste na semeadura simultânea do milho com braquiária na mesma operação e pode aumentar a produtividade da soja cultivada em sucessão à cultura do milho safrinha em até 20%, além de servir de forragem para os animais na entressafra e contribuir para melhorar a qualidade do solo.

Em vez de o agricultor anular uma linha do meio na semeadura da soja, ele mantém todas as linhas da semeadura e alterna uma linha de milho com uma linha de semente de braquiária. Nessa linha da braquiária, ele troca o disco de milho por disco de sorgo, além de retirar o adubo. Ou seja, ele vai adubar apenas a linha do milho e não a do capim — afirma Aíldson Duarte, pesquisador do IAC.

A máquina semeadora adubadora distribui simultaneamente as sementes de braquiária e milho safrinha com 45 cm de espaçamento entre si. Além disso, a implantação do consórcio possui baixo custo. Em média, o investimento em sementes de capim-braquiária varia entre R$40 a R$50 por hectare.

Segundo ele, quando o produtor trabalha com espaçamento reduzido, não é possível o uso da linha intercalar. Nesse caso, o consórcio pode ser feito com a terceira caixa na semeadora, ou seja, uma caixa para adubo, uma para semente de milho e a terceira para a semente da braquiária, distribuindo-a na mesma linha do milho.

Alguns agricultores utilizam a distribuição a lanço da semente da braquiária seguida do plantio do milho. Essa é uma tecnologia utilizada em grandes áreas onde o rendimento operacional é muito importante. Mas uma séria limitação dessa técnica é a emergência desuniforme da braquiária em reboleiras. Nesse caso, os benefícios do consórcio serão menos efetivos do que em uma distribuição uniforme, pois o desempenho da semeadora adubadora passa a não ser tão eficiente — explica.

Produtor deve manter todas as linhas de semeadura

No consórcio, é importante a escolha correta da semente de braquiária, como diz o entrevistado. O produtor deve utilizar sementes puras, com valor cultural mínimo de 70%. Já o híbrido de milho safrinha não deve ser muito baixo, pois pode aumentar a necessidade da supressão química da braquiária.

Os agricultores que vêm utilizando o sistema têm percebido de maneira clara o aumento de produtividade da soja. Os benefícios são sentidos quando eles interrompem a monocultura do sistema soja x milho safrinha. Isso porque esse consórcio é utilizado em parte da propriedade e rotacionado depois, ou seja, ele não pode ser repetido na mesma área. A repetição pode trazer problemas — orienta.

Cuidados de manejo

Toda planta que permanece em uma mesma área pode provocar desequilíbrio no sistema biológico do local. Portanto, como explica Durate, a permanência da braquiária em uma mesma área pode selecionar plantas daninhas e pragas, inclusive nematoides.

Além disso, o pesquisador diz que durante o ciclo de vida da plantação, é preciso estar atento à necessidade de supressão, que deve ser feita até o estágio B6 ou B8. Caso contrário, a aplicação de herbicidas passa a ser ineficiente devido ao efeito guarda-chuva das próprias plantas do milho.

Hoje, a maior parte das cultivares utilizadas pelos produtores são transgênicas. Com isso, eles não aplicam inseticida para o controle da lagarta do cartucho no milho. Porém, o capim não é transgênico, podendo sofrer ataque de pragas. Por isso, é necessária a constante observação da área. Se notada a presença de lagartas comendo as plântulas de capim, é preciso fazer a aplicação de inseticidas — diz.

Preocupação com a competição

Essa é uma constante pergunta dos agricultores. O produtor está há anos limpando sua área das plantas daninhas e agora se propõe um sistema no qual ele deve plantar capim no meio da lavoura. Uma das grandes preocupações do agricultor é se a braquiária produzirá sementes sujando sua área. Outra preocupação é se a braquiária competirá com o milho, prejudicando a produtividade.

A braquiária mais utilizada no consórcio é a ruziziensis, que não produz sementes se dessecada até o mês de outubro. Já na questão da competição, geralmente em condições de milho safrinha, ela não é suficiente para diminuir a produtividade, exceto em situações quando o porte da planta de milho é menor, quando a semeadura do milho é antecipada e quando as condições ambientais (chuva e temperatura elevada) são favoráveis ao seu desenvolvimento. Por isso, é necessário o constante acompanhamento das plantas e, quando preciso, a utilização de herbicidas em subdoses — afirma Duarte.

Braquiária ruziziensis aumenta a ciclagem de nutriente como o potássio

De acordo com ele, mesmo com a ocorrência de uma pequena competição e a diminuição da produtividade do milho safrinha, o aumento da produtividade da soja compensará muito essa pequena redução. Além disso, ainda existem outros benefícios, como a diminuição na incidência de plantas daninhas, a melhor estruturação do solo e o manejo mais eficiente de mato com a quebra do sistema soja e milho safrinha, ou seja, o produtor introduz uma nova espécie vegetal sem a necessidade da retirada do milho safrinha, uma das maiores dificuldades da rotação de cultura no que diz respeito à substituição de uma cultura econômica.

A braquiária ruziziensis possibilita o aumento da ciclagem de nutrientes, especialmente de potássio. São acumulados cerca de 30 kg de potássio (K2O) por tonelada de massa seca da parte aérea que, após a dessecação com glifosato, são rapidamente mineralizados e contribuem para a nutrição da soja cultivada em sucessão, como afirma Duarte. Na maioria dos casos, o consórcio produz de uma a três toneladas por hectare de massa seca de capim e, consequentemente, recicla 25 a 75 kg de K2O.

O produtor também tem grande preocupação na hora da colheita, principalmente quando o híbrido tem porte baixo. Muitos acham que a braquiária pode atrapalhar a colheita embuchando a máquina, o que não acontece no caso da espécie ruziziensis, pois ela quebra com facilidade. Além disso, exige uma baixa dose de glifosato na dessecação — garante.

FONTE: PORTAL DO AGRONEGOCIO

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