quarta-feira, abril 25, 2012

O feijão nosso de todo dia - Produtividade sem limites

Os Estados do Paraná, Minas Gerais e Bahia são os principais produtores de feijão, o que corresponde a quase 50% da produção nacional. Diversas formas são cultivadas no mundo inteiro, mas poucos povos souberam tirar tanto proveito desse alimento como o brasileiro. Essa iguaria está presente na culinária dos 27 Estados, principalmente junto com o arroz, mas também com as carnes, na forma de sopas, caldos, baião de dois, acarajé, feijão-tropeiro, dobradinha, salada, guisado, ensopado, feijoada, tutu à mineira e em muitos outros pratos. Diante da grande importância socioeconômica e alimentar da cultura do feijão para todos os segmentos da população do nosso país, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, vem desenvolvendo programas de pesquisa de melhoramento genético para disponibilizar ao mercado cultivares adaptadas às diferentes condições de clima e solo do Brasil. Além disso, em conjunto foram desenvolvidas tecnologias e manejos diferenciados, capazes de dobrar a produtividade das lavouras de feijão. Produtividade sem limites Pelo trabalho que o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Tarcísio Cobucci, desenvolveu, há possibilidade de chegar a mais 70 sacas por hectare, quando o normal são 55 sacas, mesmo em área irrigada. "Para isso, tentamos agrupar cinco pilares da tecnologia, sendo o primeiro a construção do solo, depois da fertilidade, da biologia e da estrutura física do perfil", enumera o agrônomo.
Para explorar o máximo potencial produtivo do feijoeiro, o trabalho está sendo feito na formação de palhada, distribuição de fósforo e cálcio no solo, além de aumento da atividade microbiológica no solo. Nesse aspecto, Cobucci destaca a importância da qualidade da semente, que deve estar livre de doenças, e também quanto à qualidade de padronização e tamanho da semente, visando à distribuição e germinação uniforme das plantas. "A lavoura tem que ter plantas bem distribuídas para não ser dominada por fatores indesejáveis, como plantas dominadas, que produzem poucas vagens. O nosso objetivo é alcançar 300 vagens por metro quadrado", pontua o pesquisador. Fatores de maior importância A distribuição das plantas dentro da linha deve ter atenção especial, pois uma planta encavalada na outra começa a apresentar problemas de produção de vagem, segundo explica Tarcísio Cobucci. "Entretanto, a quantidade de plantas por metro quadrado para se atingir 300 vagens na área depende da variedade. Por isso, testamos com sucesso algumas tecnologias quanto à aplicação de cálcio dentro do sulco de plantio, que tem sido muito importante para estabelecer bem a cultura e ter um bom arranque inicial de planta", enfatiza o agrônomo. O terceiro ponto ressaltado por ele é o vigor inicial da planta, além da sua uniformidade. Para ter sucesso, a planta de feijão deve contar com maior engalhamento e raiz, que se refletirão diretamente no número de vagens. O próximo ponto é o 'pegamento' de vagens, quando entra o sombreamento. Tarcísio Cobucci esclareceu que se a planta crescer muito e o fechamento de rua acontecer muito cedo haverá perda das vagens baixeiras, que são as mais pesadas e com maior número de grãos, perdendo assim em produtividade. É importante, então, que a planta floresça com o fechamento de rua. Segurança no cultivo Se o feijão começar a crescer muito, o agrônomo ensinou que é preciso segurar a lavoura com a aplicação de fungicidas, por exemplo. "Não existe receita de bolo. É preciso ter conhecimentos e contar com orientação técnica", recomenda Tarcísio Cobucci. Além disso, ele indica que o produtor saiba quando e do que a planta precisa para chegar à máxima produtividade. "Esporadicamente um pivô de feijão chega a 70 sacas de produtividade. Já temos um conjunto de informações e de práticas que tentam levar o feijão a altas produtividades", orgulha-se. Atraso No início do ano as chuvas foram fartas, mas Tarcísio Cobucci lamenta os últimos 20 dias sem chuvas, que provavelmente trarão deficiência à lavoura, não proporcionando altas produtividades nem mesmo à lavoura de soja. "Uma lavoura normal, com todas as tecnologias adotadas, mas que enfrenta chuvas demais, ou um mês e meio nublado, já sofre, e desconta na produtividade", alerta o profissional, acrescentando que a alta produtividade depende muito da condição ambiental. O que se observa é que as áreas que alcançam altas produtividades e alto investimento são de produtores que trabalham uma terceira safra e plantam em pivô central. "Com a técnica certa e a orientação adequada, o produtor estará no caminho certo", garante Tarcísio Cobucci. Tecnologia de precisão Jair Luiz Ebani Júnior produz feijão em 330 hectares na Fazenda Arace, localizada em Planaltina (DF), há 15 anos. Na safra 2011/12 sua média produtiva foi de 48 sc/ha., com talhões de 60 sc/ha., em sequeiro. Para ele, um solo bem preparado, bem nivelado, é muito importante, mas o que fez a diferença em suas lavouras foi a agricultura de precisão, que vem sendo utilizada há cinco anos. "Com a agricultura de precisão observei uma produtividade uniforme nos talhões, com mais economia de adubo, aumentando a produtividade com menor custo. A agricultura de precisão realmente traz grandes vantagens, fazendo com que erremos menos, usemos o necessário e onde realmente precisa", ressalta Júnior. Aliado a isso, Jair investe em sementes com maior taxa de vigor e germinação, tratamentos de ponta com micronutrientes e manejos diferenciados para agregar à produção. A colheita da última safra começou em 15 de janeiro e foi até 30 de fevereiro. Seu plantio foi direto, iniciado em 10 de outubro, técnica adotada há muitos anos. A máxima produtividade já obtida foi de 67 sacas por hectare, há quatro anos, em áreas isoladas e irrigadas. FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

Cultivo de leguminosas consorciadas com a cultura do café é alternativa no manejo de plantas daninhas

A busca por alternativas ambientalmente corretas que contribuam para uma agricultura ecológica e sustentável cresce cada vez mais no cenário mundial. O controle de plantas daninhas usando leguminosas herbáceas consorciadas com a cultura do café vai ao encontro desse pensamento. Esse estudo foi desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Café, Julio Cesar Freitas Santos, em sua tese de doutorado, na área de Fitotecnia, realizada na Universidade Federal de Viçosa (UFV), projeto que teve apoio do Consórcio Pesquisa Café. Entre as conclusões do trabalho, Julio Cesar confirmou a possibilidade do cultivo de leguminosa, como lablabe, sirato, híbrido de Java ou amendoim forrageiro, fazer parte do manejo integrado da lavoura. “A leguminosa vem substituir ou complementar os métodos tradicionais de controle de plantas daninhas no cafezal”, diz. A tecnologia consiste em utilizar uma dessas leguminosas herbáceas como cobertura viva de solo. “Existem as coberturas mortas como biomassa de culturas e casca de café, por exemplo, já utilizada por produtores. As leguminosas são coberturas vivas que contribuem para boas práticas agrícolas. Elas também podem ser utilizadas como cultivos intercalares com as culturas de arroz e feijão, que geralmente acontece em algumas lavouras”, explica. A supressão da infestação das plantas daninhas ocorre pelos efeitos de competição por sombreamento e de alelopatia, por compostos químicos liberados pelas leguminosas, proporcionando a maior cobertura do solo e o maior predomínio da vegetação sobre essas plantas infestantes. Os benefícios das leguminosas no solo apontados pelo pesquisador são também adicionais como: redução da compactação, controle da erosão, fixação de nitrogênio, propiciando economia com adubos e menos poluição do meio ambiente, aumento da matéria orgânica e incremento da biodiversidade. A pesquisa foi realizada na Zona da Mata e na Região do Cerrado, respectivamente em áreas de declive acentuado, com espaçamento estreito e mecanização limitada, e de relevo plano, com espaçamento largo e mecanização constante. Julio Cesar verificou que, na Zona da Mata, a lablabe e o sirato no primeiro ano e o amendoim forrageiro no segundo ano proporcionaram menor densidade e biomassa de plantas daninhas. No Cerrado, os mesmos resultados foram constatados pelo híbrido de Java no primeiro ano, que manteve a maior produção de biomassa, e pelo amendoim forrageiro no segundo, que expandiu a cobertura de solo. A longo prazo, o pesquisador verificou ainda que o amendoim apresenta maior capacidade de reduzir plantas daninhas por ser uma espécie perene, de porte baixo, rastejante e de fácil propagação vegetativa, tendo resistência ao período seco e bom revigoramento no período chuvoso, além de facilidade de regeneração após a realização de podas. O pesquisador explica ainda que, na convivência das plantas daninhas com cafeeiros, ocorrem interações que propiciam benefícios ou prejuízos. “Em cultivo solteiro, principalmente em lavoura nova, sobram espaço e recurso, que facilitam a maior ocupação das plantas daninhas. Nos modelos de consórcios, essa ocupação é muito reduzida, devido à área ser preenchida por arranjos de espécies que exercem o controle cultural sobre essas plantas. A tecnologia contribui com as demandas das lavouras novas de café e das lavouras adultas do Cerrado e de regiões com declive acentuado, que são mais propícias à infestação por plantas daninhas”. Segundo o pesquisador, a prática é recomendável para o produtor. “Um único sistema de manejo é inviável no controle das plantas daninhas, por isso esse manejo deve ser diversificado e dinâmico, como o próprio desenvolvimento da infestação dessas espécies”. “Em dois anos de avaliação das leguminosas, verificou-se que elas não influenciaram o crescimento vegetativo e a produtividade do cafeeiro”, ressalta Julio. Em meio a técnicas convencionais que utilizam práticas de capina com enxada ou roçadas mecanizadas para controle das plantas daninhas, a pesquisa comprovou na adoção das leguminosas como parte do manejo integrado, uma alternativa adequada às demandas de cafés de base ecológica, certificados e especiais pelo mundo. Na medida em que também está adequada aos interesses da agricultura de baixo carbono, limita o uso de produtos químicos (herbicidas) na lavoura, permite a recuperação de áreas e o aumento da área de vegetação entre cultivos perenes como café. O resultado é uma tecnologia que contribui para a sustentabilidade da cafeicultura, com melhoria da qualidade do solo e do cafezal, redução de capinas e diminuição de custos. A continuação do projeto será com uma seleção de plantas leguminosas para inibição de plantas daninhas em lavouras de café nas regiões da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. FONTE: EMBRAPA

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