sexta-feira, setembro 21, 2012

Gestão é desafio para sojicultura

Produção traduz eficiência do setor, mas gestão ainda é deficiência
A próxima safra de soja em Mato Grosso - cujo plantio tem início logo após o fim do vazio sanitário - reservará a Mato Grosso números históricos. A produção estimada é a maior já calculada e acima de 24,1 milhões de toneladas em uma área de 8 milhões de hectares. Mas se os números traduzem a eficiência de uma atividade - cuja produção hoje representa 36% da produção agrícola total do estado - o desafio é profissionalizar o modelo de gestão dentro das propriedades. O entendimento é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) na unidade federada, Carlos Fávaro. De acordo com o dirigente, é preciso modernizar a gestão na atividade, ou seja, recorrer à sistemas tecnificados para traduzir o real funcionamento das propriedades. "O produtor precisa ter gestão, hoje um desafio. Negócio com má gestão nunca vai dar certo", enfatizou Carlos Fávaro. Para o dirigente, o produtor já é tecnificado, mas ainda recorre a um modelo em muitas vezes ultrapassado. "No setor agrícola os produtores aderem às novas tecnologias. Queremos que isso ocorra na gestão e que não fiquem no tempo da caneta, agenda, fazendo a contabilidade grosseira", lembrou o dirigente. Desde a temporada agrícola 2007/08 um projeto desenvolvido pela Aprosoja vem identificando os principais gargalos no modelo de gestão. É o "Referência", cujo objetivo é possibilitar ao produtor analisar os principais indicadores de gestão porteira para dentro. A aposta é a implementação de ferramentas tecnológicas para melhorar em ações da área técnica, produção, comercialização. Os resultados do projeto foram apresentados nessa quinta-feira (13) durante Workshop em Cuiabá (MT). "Nem sempre quem produz mais tem mais lucro. Ele precisa comprar bem, gerir bem as aplicações para ter resultado. O número de produtores aderindo ao projeto em crescimento. Não há espaço para o amadorismo [na atividade agrícola]", afirmou Carlos Fávaro. Na safra 2011/12, 108 produtores participaram do projeto e 175 mil hectares plantados com soja foram monitorados. Os números mostraram que a média geral dos produtores alcançou 54,3 sacas por hectare. Mas em grupos considerados mais lucrativos chegou a 57,4 sacas por hectare. Mas uma faixa específica de produtores ficou no grupo dos menos lucrativos, com 51,1 sacas por hectare. O projeto conseguiu identificar ainda que no grupo de produtores pesquisados, parte conseguiu aproveitar preços da saca de soja na faixa mais lucrativa de R$ 41,45. A média geral ficou em R$ 40,73, enquanto a menor em R$ 39,99. Em relação ao milho, o projeto constatou que a produtividade média mensurada pelo projeto Referência chegou em 106,9 sacas por hectare na temporada 2011/12. A máxima somou 109,9 sacas por tonelada, enquanto a mais baixa outras 103,4 sacas. Cresceu a participação do milho segunda safra na margem bruta total. No norte do estado, por exemplo, saltou de 26,6% para 31,1% entre 2010/11 e 2011/12, respectivamente. No Leste, foi para 8% neste ano. No Oeste, avançou de 17,5% para 32,8%. O Sul do Estado foi a única região a registrar recuo. De 30,6% recuou para 23,1%, segundo o projeto. "Cada vez mais os custos estão mais altos, as pragas mais agressivas e só vai se sustentar na atividade quem for profissional e entender sua gestão", considerou ainda o presidente da Aprosoja em Mato Grosso. Em Feliz Natal, município a 538 quilômetros de Cuiabá, o produtor Eguiberto Gabe diz ter redirecionado os investimentos na propriedade desde que decidiu aderir ao projeto. Os recursos destinados especialmente para benfeitorias e máquinas foram transferidos para fortalecer a produção em 700 hectares e soja e milho. "Decidimos parar com os investimentos e investimos mais na lavoura porque pelo projeto conseguimos ver onde se investia de forma errada", expressou o produtor. Na safra a produtividade da soja caiu 5% em função de problemas com o clima e a ferrugem asiática. "A rentabilidade foi boa, mas só não melhorou em função das oscilações de mercado", contextualizou o produtor rural ao Agrodebate. Como explica o consultor do projeto, João Vianna, parâmetros norteiam a tomada de decisão pelos agricultores. "O desafio é ter um processo produtivo sustentável. Mas um ano bom e interessante não será bom para todos. É importante saber aproveitar os anos para entender como enfrentar as épocas ruins", explicou o consultor. Segundo o gerente de Planejamento da Aprosoja, Cid Sanches, há um interesse maior dos produtores de fazerem parte do projeto. Entre 2007/08 a 2011/12 a adesão cresceu 170%. Alta explica pelo interesse em profissionalizar a atividade. "Isto proque o projeto mostra onde se pode melhorar", considerou. FONTE: PORTAL DO AGRONEGÓCIO

quarta-feira, setembro 19, 2012

Soja seguirá em alta


Ainda que sofra pressão da colheita dos EUA e da safra na América do Sul, cotação terá segundo melhor nível da história

USDA surpreendeu o mercado ao estimar a safra norte-americana em 71,7 milhões de toneladas, enquanto analistas apostavam em 72 milhões de toneladas (Foto: José Medeiros / Ed. Globo)

A oferta apertada de soja nos Estados Unidos verificada no relatório sobre estimativa de safra divulgado nesta quarta-feira (12/9) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) e a incerteza quanto ao clima durante a próxima safra da América do Sul devem manter os preços do grão em altos patamares nos próximos meses. “A soja ainda não atingiu as máximas. O mercado está aberto para que busque os US$18 por bushel e talvez até mais que isto dependendo da intensidade da demanda”, diz Pedro Dejneka, analista da Futures Internacional, LLC.

No relatório desta quarta-feira (12/9), o Usda surpreendeu o mercado ao estimar a safra norte-americana em 71,7 milhões de toneladas, enquanto analistas apostavam em 72 milhões de toneladas. Quanto aos estoques o Usda não mudou as estimativas de estoques para a safra nova, mantendo-os em 3,13 milhões de toneladas e reduziu os níveis da safra velha. Com isso, os preços futuros da soja foram negociados em alta no pregão desta quarta-feira da bolsa de Chicago. A tendência para os próximos meses é de que os preços da soja se mantenham acima dos US$ 17 por bushel.

Uma leve pressão por conta da colheita nos Estados Unidos pode acontecer, bem como por conta da expectativa de uma safra maior na América do Sul, “isso pode reduzir o preço em US$ 1 ou U$2”, diz Flávio França Junior, analista da empresa de consultoria Safras & Mercado. Ainda assim, os preços permanecerão acima da média histórica dos últimos cinco anos, de US$ 11 por bushel.

“E esse seria o segundo melhor nível de preços da história”, comenta.

Já no caso do milho, a surpresa foi negativa para os preços da commodity. O mercado apostava numa forte queda da produção americana, para 264 milhões de toneladas, mas o relatório apontou para uma produção de 272 milhões de toneladas de milho no período 2012/2013. Além disso, o mercado esperava que os estoques da safra velha fossem reduzidos, mas o USDA os manteve em 30 milhões de toneladas. Já para a safra nova a aposta era de estoques finais de 15,7 milhões de toneladas, abaixo da estimativa de agosto que era de 16,50 milhões de toneladas, mas aí o Usda surpreendeu a todos ao elevar a estimativa para estoques finais de 18,63 milhões de toneladas na safra 2012/13, uma alta de 11% sobre as previsões de agosto. “Muita gente acha que somente o relatório de outubro trará os dados reais da safra e de oferta e de demanda”, diz Dejneka.

Com isso, a tendência é de que os preços encontrem suporte entre US$ 7 e US$ 7,50 por bushel, “também acima dos preços médios dos últimos cinco anos, de US$ 4,80 por bushel”, diz Junior.

FONTE: GLOBO RURAL ON-LINE

segunda-feira, setembro 17, 2012

Café representa 6,6 % nas exportações de janeiro a agosto de 2012

Volume embarcado no período teve redução de 17,4%, com 17,6 milhões de sacas

O café representou 6,6 % de todas as exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a agosto de 2012. No entanto, o produto apresentou queda de 21,74% nos oito primeiros meses de 2012, com faturamento de US$ 4,1 bilhões na comparação com o mesmo período do ano passado, quando faturou US$ 5,3 bilhões. O volume embarcado de janeiro a agosto de 2012 teve redução de 17,4%, com 17,6 milhões de sacas de 60 quilos, ante 21,3 milhões de sacas no mesmo período em 2011.

O balanço faz parte do Informe Estatístico do Café publicado mensalmente pelo Departamento do Café, da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura.

A receita cambial do café verde, que representa 5,9% do total das exportações, também teve uma diminuição de 24,2%. Segundo o diretor do Departamento do Café do Mapa, Edilson Alcântara, esse resultado indica que os produtores brasileiros estão estocando mais café e reduzindo, consequentemente, suas vendas. “Com os problemas de qualidade, em virtude das chuvas, as estimativas são de que essa redução de embarques se confirme ao longo de 2012”, destacou.

O principal comprador de café verde brasileiro continua sendo a Alemanha que, apesar de ser o principal destino das exportações da produção nacional, apresentou queda de janeiro a agosto de 2012 de 27,59%. O segundo principal importador são os Estados Unidos, que teve um recuo de 24,13% nas compras do grão. O volume embarcado aumentou para o Reino Unido (13,77%), para a Eslovênia (13,46) e para a Suécia (3,20%).

De acordo com o relatório mensal, o consumo brasileiro de café em 2012 é estimado em 20,4 milhões de sacas, contra 19,72 milhões de sacas em 2011. Os estoques do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) estão, atualmente, em 14 mil sacas.

FONTE: GLOBO RURAL ON-LINE

Cana exige dosagem exata de micronutrientes

Os micronutrientes mais aplicados na cana, com melhor resposta à produtividade, são boro (B), zinco (Zn) e molibdênio (Mo), seguidos por manganês (Mn) e cobre (Cu), estes com menor resposta à lavoura. "Encontramos mais resposta associando a correção do solo e o fornecimento de NPK de forma adequada ao solo,", diz José Marcos Leite, engenheiro agrônomo, doutorando em Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ/USP. Além disso, o agricultor deve optar por fontes solúveis, como é o caso de sulfatos e oxisulfatos e quelatos, favorecendo a disponibilidade desses micronutrientes para a planta.

Passo a passo

O ideal, na implantação do canavial, é que seja feita a correção de solo com calagem, fosfatagem e gessagem, seguindo com a adubação com NPK, que são os macronutrientes e, por último, o ajuste fino, com os micronutrientes, em especial com boro, molibdênio e zinco.

José Marcos explica que o molibdênio tem duas principais funções na cana-de-açúcar: "A primeira é auxiliar no metabolismo da adubação nitrogenada da planta. Ele é cofator de uma enzima, a nitrato redutase, que auxilia no metabolismo do nitrogênio. Sua outra função é ser constituinte da enzima nitrogenase, a qual é essencial no processo de fixação biológica de nitrogênio que pode ocorrer em cana-de-açúcar por bactérias diazotróficas. O zinco, além de ser ativador de diversas enzimas, atua diretamente na fotossíntese na enzima anidrase carbônica, nas sínteses de fotoassimilados, aminoácidos, principalmente na sintetase do aminoácido triptofano, uma das vias que sintetiza a auxina, hormônio que estimula o crescimento e alongamento do caule e, principalmente, o enraizamento. Uma planta de cana-de-açúcar deficiente em zinco apresenta internódio mais curto e clorose interneval, seguida de amarelecimento da borda para o interior da folha", pondera o doutorando.

Já o boro tem várias funções na planta - atua na estrutura e funcionamento da membrana plasmática e está diretamente relacionado com o cálcio para a formação adequada da parede celular. Atua ainda na síntese e transporte de açúcares e também no balanço hormonal entre auxina e citocinina, dentre outras funções.

Nutrição exata

A quantidade de micronutrientes é calculada a partir da extração da planta por área. A conta, dada por José Marcos, é calculada sobre o que a planta precisa menos o que já existe no solo, vezes um fator. "Temos que levar em consideração o que a planta extrai menos o que tem no solo. Muitas das vezes esse fator é a eficiência do fertilizante utilizado e o tipo de solo; por exemplo, em solos arenosos, pode ocorrer a lixiviação de boro", ensina o especialista.

A cana apresenta uma exigência variada para cada nutriente. Citando como exemplo 100 toneladas por hectare da cultura de zinco, a necessidade da cana é de 600 a 900 gramas por hectare; de molibdênio, de 50 a 100 gramas; e de boro, de 300 a 400 gramas. "A extração é baixa, mas se faltar algum desses nutrientes, a planta pode apresentar deficiência, principalmente quando se corrige o solo, pois há uma correlação direta da correção do solo com o aumento do pH dele, diminuindo a disponibilidade de alguns micronutrientes, como zinco, cobre e manganês", justifica José Marcos.

Micronutriente x macronutriente

Tanto os micro quanto os macronutrientes são importantes. A principal diferença está na quantidade que a planta acumula. "O acúmulo de macronutrientes na planta se dá em quilos por hectare, enquanto que o de micronutrientes ocorre em gramas por hectare", esclarece o doutorando José Marcos.

Ainda segundo ele, macro e micronutrientes podem ser aplicados em conjunto, com misturas de fertilizantes: "Podem ser misturados com grânulos, mas a mistura precisa ser bem feita para não ocorrer segregação; pode estar aderido ao grânulo de fósforo (P) nos fertilizantes constituintes da mistura NPK, melhorando a uniformidade de distribuição; e pode ainda ser aplicado via solo junto com a adubação fluida, uma operação bastante comum em algumas usinas. Entretanto, o agricultor deve estar atento a doses maiores para produtos à base de sais, e a doses menores para os quelatilizados", alerta José Marcos.

No plantio do canavial, outra forma muito utilizada é aplicar o produto em solução na cobertura do tolete junto com os outros inseticidas, colocando os micronutrientes na forma solúvel. No fundo do sulco, quando for cobrir o tolete, o micronutriente já é aplicado com inseticida. "São três etapas com uma única operação. Essa é uma das formas mais eficientes", garante.

Outra forma de aplicação de nutrientes na cana-planta ou cana-soca é misturá-los ao herbicida, em solução, principalmente o boro. Entretanto, José Marcos faz saber que a dose a ser trabalhada tem que ser exata, pois erros podem resultar em toxidez. "No máximo deve-se colocar 1 kg/ha de boro", recomenda.

Já a cana-soca permite a aplicação via foliar ou solo, mas o doutorando adianta que a aplicação de micronutrientes que tem mais resposta é via solo, em cana-planta, e às vezes também a aplicação foliar, principalmente com o molibdênio associado à adubação nitrogenada.

Por não existir uma receita pronta é que o produtor deve levar em consideração cada área, talhão e região, e analisar os fatores separadamente. Para isso, é importante consultar um engenheiro agrônomo para analisar as informações e fazer a recomendação adequada.

Respostas precisas

Solos arenosos respondem mais à adubação com micronutrientes do que os argilosos, ainda que ambos reajam bem à nutrição. "Entretanto, se o agricultor não fizer a calagem, ele nunca terá respostas aos micronutrientes. Para a aplicação foliar dar certo, é preciso que ela seja feita no momento certo, ou seja, antes do máximo crescimento da cana, que acontece na época de verão, quando há chuva, umidade disponível e calor", recomenda José Marcos.

Cuidados importantes

Na compra do produto é importante observar as características físicas, principalmente solubilidade, para estar disponível à planta na época da aplicação. Além disso, José Marcos aconselha que o produtor fique atento às características do produto para evitar o entupimento do bico, assim como à procedência do fertilizante, que deve vir de uma empresa confiável, com garantias mínimas.

Não menos importante é considerar as fontes, como no caso do boro, em ácido bórico, zinco no sulfato de zinco, e molibdênio no molibdato de sódio ou amônio, e/ou os quelatos, que são fontes mais nobres.


FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

quarta-feira, setembro 12, 2012

Tratamento pós colheita na cultura do café

Na última terça-feira (dia 11/09/2012) foi realizado uma palestra com Professor José Braz Matiello, ele que é engenheiro agronomo e especialista em cafeicultura. O tema foi Tratamento pós colheita na cultura do café.
A palestra foi realizada na cidade de Monte Carmelo - MG, na presença de alguns clientes com alto potencial na cultura do café e com nossos fornecedores Agrovant e Scientia.

Obrigado a todos, em especial nossa equipe da filial de Monte Carmelo!!


(Clique na foto para ampliar)

terça-feira, setembro 11, 2012

Comercialização antecipada da safra 2012/2013 de soja atinge 43%


Compra de insumos e manutenção dos preços atraentes motivam produtores

Os produtores brasileiros de soja negociaram 43% da safra 2012/2013 de forma antecipada, segundo levantamento divulgado por SAFRAS & Mercado, com base em dados recolhidos até 6 de setembro. Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 22% e a média para o período é de 16%. Levando-se em conta uma safra estimada em 82,295 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 35,47 milhões de toneladas.

Já no comparativo com o relatório anterior o avanço foi de 4%, mostrando um fluxo mensal bem abaixo dos 8% anotados no ano passado e também sobre os 6% de 2010 e dos 5% da média histórica de cinco anos.

SAFRAS & Mercado inclui neste volume todas as formas de negócios que envolvam a nova produção, incluindo as trocas por insumos, as renegociações das perdas da safra atual e os negócios de pré-fixação.

A antecipação da compra de insumos pelos produtores para aproveitar as favoráveis relações de trocas com o preço do grão está entre as razões para a aceleração dos negócios da próxima safra. Além disso, os produtores apostam ainda na manutenção de preços futuros atraentes. Embora um pouco abaixo das bases atuais, as cotações seguem em elevação desde o início do ano, com patamares muito superiores aos anos anteriores.

Safra 2011/2012

Os produtores brasileiros de soja negociaram 97% da safra 2011/2012. Em igual período do ano passado, a comercialização envolvia 81% e a média para o período é de 85%. No levantamento anterior, o número era de 95%. Levando-se em conta uma safra estimada em 66,331 milhões de toneladas, o volume de soja já comprometido chega a 64,020 milhões de toneladas

FONTE: GLOBO RURAL ON-LINE

Disputa por soja consome estoques

Os preços recordes estão estimulando os maiores produtores globais de soja a rasparem seus estoques. O consumo mundial supera a produção em 18 milhões de toneladas em 2011/12, levando os principais produtores a esvaziarem armazéns. As consequências diretas são a sustentação das cotações recordes e o aumento da influência da próxima colheita - a da América do Sul.

Somente o Brasil está "queimando" mais de 2 milhões de toneladas de suas reservas às vésperas de uma safra acima de 80 milhões (t), que promete colocar o país na condição de maior produtor e exportador. Das mais de 3 milhões de toneladas que estavam armazenadas no início do ciclo, devem sobrar menos de 1 milhão, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nos Estados Unidos, que enfrentaram seca histórica, a previsão é de queda de 5,8 milhões para 4,6 milhões de toneladas no estoque de soja.

"A demanda é relativamente inelástica no momento. Havendo qualquer tipo de problema na safra sul-americana [que chega ao mercado de forma expressiva a partir de fevereiro], vai faltar muita soja", diz Pedro Dejneka, analista da Futures International, de Chicago (Estados Unidos). Ano passado, houve quebra no Sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai. "O mundo precisa da América do Sul mais do que nunca."

O aperto entre oferta e demanda até o início da colheita sul-americana anuncia risco crescente de racionamento. Confirmada a boa produtividade, a expectativa é de reequilíbrio a partir de fevereiro. "Não gosto nem de pensar na possibilidade de frustração de safra na América do Sul", frisa Stefan Tomkiw, vice-presidente de futuros da The Jefferies Bache, de Nova York.

Para os analistas, o desabastecimento vem sendo embutido nas cotações negociadas na Bolsa de Chicago. No caso da soja, a alta acumulada é de 70% em nove meses - de US$ 12,18 por bushel em janeiro para mais de US$ 17 por bushel. Mesmo assim, o consumo segue firme.

"Quem pode comprar agora está comprando, para ter proteção de estoques pelo menos até o final do ano. Os preços só irão baixar consideravelmente quando a demanda acumulada for suprida", analisa Dejneka.

O mercado não descarta redução de estoques mais forte que a previsto pela Conab no Brasil. A indústria admite que precisa de 3 milhões de toneladas de soja cumprir sua meta de processamento deste ano.

A escassez no brasileiro começou a se desenhar há um ano. O potencial da última safra, que era de 75 milhões de toneladas, foi derrubado para cerca de 66 milhões devido à seca do último verão. "Como a demanda interna é praticamente a mesma, o consumo dos estoques foi basicamente para a exportação", afirma Glauco Monte, analista da FC Stone, de São Paulo.

"Produzimos menos e exportamos mais", resume Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, em relação ao ritmo das vendas brasileiras de soja neste ano. Foram exportadas cerca de 30 milhões de toneladas de soja em grão, 17% mais do que no ano passado. Quase toda a demanda extra é sustentada pela China. No mesmo período do ano passado, as compras chinesas totalizaram 17,5 milhões de toneladas.

Para o próximo ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), prevê que o consumo mundial de soja vai crescer 6 milhões de toneladas e beirar os 257 milhões de toneladas (veja no gráfico). Sozinho, o Brasil ficará responsável por embarcar 38 milhões de toneladas, conforme projeção da Informa.

Brasil está de olho em reservas de países vizinhos - O comércio de estoques não se restringe ao Brasil. O próprio país está prestes a ampliar a importação de soja. Argentina, Paraguai e até mesmo o Uruguai podem ajudar no abastecimento do mercado brasileiro até a entrada da próxima safra.

"Em janeiro de 2013 [quando a colheita brasileira terá apenas começado], vamos ter que trazer soja de algum lugar e provavelmente seja de um país do Mercosul, que também precisará exportar um pouco de seu estoque", avalia Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP. A quebra do verão passado também afetou os vizinhos do Brasil.

O fornecedor brasileiro mais provável, considerando o volume da produção, a Argentina deve fechar o ano com reservas reduzidas à metade das registradas no final de 2011 - a 2,2 milhões de toneladas. Por ter um baixo consumo interno, o Uruguai também passa a ser assediado, avalia Pereira.

Segundo a Informa, as importações brasileiras devem somar até 300 mil toneladas até a chegada da nova produção. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que 50 mil toneladas serão trazidas do exterior, mas deve revisar seus números até dezembro. No ano passado, o Brasil buscou 41 mil toneladas de soja em grão, segundo a Conab.


FONTE: GAZETA DO POVO

segunda-feira, setembro 10, 2012

Fertirrigação garante bons resultados em agrião


A fertirrigação é o método da aplicação de adubo via água de irrigação. Aproveitamos a água da irrigação e acrescentamos os adubos necessários ao desenvolvimento da cultura, dividindo a operação em várias etapas durante o ciclo da cultura.

Os nutrientes são diluídos em água, podendo ser: nitrogênio, potássio, fósforo etc., sendo em sua maioria macronutrientes. De maneira geral, como a dosagem requerida dos micronutrientes é muito pouca em relação à dos macros, eles são aplicados no solo ou via pulverizações na planta.

Vantagens

A fertirrigação garante maior absorção pela planta dos nutrientes, que ficam mais tempo em disponibilidade e próximos às raízes. Nos cultivos normais, faz-se de uma a três adubações em cobertura manualmente ou com máquinas, e na fertirrigação podem-se aplicar os nutrientes toda vez que se for irrigar a cultura, o que é bastante vantajoso para os cultivos, principalmente para hortaliças.

O caso do agrião

A técnica da fertirrigação foi desenvolvida principalmente para irrigação localizada, como gotejamento e microaspersão, mas no Brasil e no cerrado já é bastante utilizada em sistemas por aspersão e pivô central, com bons resultados.

Especificamente no cultivo de agrião, a fertirrigação é utilizada em sistemas por aspersão, microaspersão e gotejamento. Na aspersão, geralmente se faz uma adubação de plantio com auxílio de máquinas ou manualmente. As adubações de cobertura são feitas via fertirrigação, principalmente as de nitrogênio e potássio No sistema por gotejamento, a adubação via fertirrigação é bastante comum.

Normalmente, aplica-se 20% do nitrogênio no primeiro terço da cultura, e os outros 40% do nutriente vão de 1/3 do crescimento a 2/3, sempre divididos ao longo do ciclo da cultura de acordo a curva de absorção do agrião.

É essencial para uma aplicação eficiente dos nutrientes via água de irrigação que a técnica seja baseada na curva de absorção do nutriente.

Frequência da irrigação

A frequência da fertirrigação depende, além das necessidades da cultura, do sistema de irrigação usado pelo produtor. Normalmente, em hortaliças aplicam-se fertilizantes quando se irriga, ou seja, depende da frequência de irrigação planejada para aquele tipo de cultura e condição edafoclimática local.

Na irrigação de plantas folhosas, não há mais de dois dias de intervalo entre uma aplicação e outra, pois essas culturas possuem alta demanda hídrica - 98% da alface, por exemplo, é água. Com a fertirrigação, a planta tem nutriente por mais tempo e de forma mais disponível ao longo do seu ciclo.

Equipamentos para a fertirrigação

São vários os tipos de equipamentos indicados para a fertirrigação, mas os mais comuns são os do tipo venture. Há, ainda, as bombas injetoras de vários tipos, como as bombas injetoras de pistão. Para estufas, é comum o uso de bombas hidráulicas e também elétricas, disponíveis em várias vazões de injeção.

A escolha dos adubos para aplicação via fertirrigação é uma etapa importante para a obtenção de bons resultados, porém o que se encontra é o uso de adubos comerciais de baixa qualidade física e baixa solubilidade, que ocasionam entupimentos de gotejadores e microaspersores, além de aumentar as corrosões das partes metálicas do sistema hidráulico.

Para aumentar a eficiência da operação, o adubo teve ter qualidade física e alta solubilidade. Em sistema de irrigação por gotejamento, devido aos pequenos orifícios de saída, o uso de adubos de baixa qualidade ocasiona bastante entupimento, e por isso o cuidado deve ser maior com esse sistema.

Respostas imediatas

Todas as culturas que conheço e com as quais já trabalhei, desde cana até uva e manga, respondem bem à fertirrigação. Claro que esse investimento não compensa para algumas culturas, mas para hortaliças é sempre viável, principalmente a aplicação de fontes de nitrogênio e potássio.

Cuidados

Normalmente, utiliza-se a aplicação de fósforo via solo, por ocasião do plantio, pois é um elemento pouco solúvel em água. Alguns produtores utilizam a aplicação de fósforo via água de irrigação. Para sua aplicação, é preciso certos cuidados, como, por exemplo, não misturar fosfato monoamônico ou monopotássico com nitrato de cálcio, pois formarão precipitados de cálcio.

A própria Embrapa já fez muitas publicações a respeito do que se deve ou não misturar, lembrando que nem todo adubo pode ser usado para fertirrigação ou misturado.

Na aplicação de fertilizantes via irrigação (fertirrigação), normalmente o sistema é ligado, sem injetar fertilizante, por 1/4 de hora do tempo de irrigação. Logo após, aplica-se o adubo nos 2/4 de hora do tempo de irrigação e deixa-se 1/4 do tempo final para lavar novamente o sistema de irrigação.

A lavagem do sistema de irrigação com água pura (sem adição de adubo) é essencial, pois além de carrear adubos para as proximidades das raízes da cultura, aumenta a vida útil dos equipamentos, já que a maioria dos produtos usados é corrosiva.

Sistema próprio

O sistema de irrigação localizado é próprio para ser usado com a técnica da fertirrigação. Para a hortaliça, a fertirrigação é essencial, principalmente para os pequenos e médios produtores, pois além da economia com uso de fertilizantes, pode-se ganhar tempo fazendo outras tarefas e/ou economizar na contratação de mão de obra rural, cada vez mais escassa nos tempos atuais.

Com a técnica da fertirrigação, o produtor põe o fertilizante na área, na hora e/ou quantidade que desejar ao longo do ciclo da cultura. Como o ciclo de produção das hortaliças, em sua maioria, é curto, elas têm que ser bem nutridas, e a fertirrigação facilita em muito a obtenção do potencial de produção dessas culturas.

FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

quinta-feira, setembro 06, 2012

Sustentabilidade agrícola é o caminho para o futuro


Aumentar a produtividade sem tomar mais terras já é uma realidade no Brasil. Conseguimos produzir, atualmente, 160 milhões de toneladas de grãos em cerca de 200 milhões de hectares, uma área ocupada pela agricultura e pecuária. Mas pesquisadores da Embrapa garantem que esse número pode ser dobrado, sem que para isso precisemos prejudicar o meio ambiente.

"Os sistemas de produção integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária (iLP) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), se adotados em todas as regiões produtivas, permitem recuperar as áreas de pastagem que já estão com algum nível de degradação, elevando a produtividade tanto de grãos e fibras quanto de produção de carne", afirma Euclides Maranho, analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste.

Na mesma área em que hoje se produz cerca de 160 milhões de toneladas, podem-se obter seguramente 300 milhões de toneladas. Para tanto, pontua o pesquisador, é necessária a criação de uma política agrícola de longo prazo, com planejamento, considerando cenários, oportunidades, ameaças e, principalmente, definindo estratégias que deverão ser adotadas de forma articulada, visando ao alcance do objetivo traçado.

Modernização do setor

O agricultor está atento às modernas inovações e, dentro de suas possibilidades, moderniza suas máquinas, adota novas tecnologias, mesmo sendo penoso e pairando dúvidas quanto ao retorno de seus investimentos.

Lado a lado com essa modernização, o analista de pesquisa na área de Economia Rural da Embrapa Agropecuária Oeste, Alceu Richetti, lembra que a pesquisa tem ajudado os produtores a produzir mais em menor área. "Para isso, basta observar a produtividade da soja no Brasil, que em 1990 era de 1.732 kg/ha, e hoje é de 2.660 kg/ha, um acréscimo de 53,6%. Isso graças à introdução de cultivares de soja adaptadas às condições locais e mais produtivas, a adequadas técnicas de cultivo e de manejo de pragas e à modernização dos métodos de gestão da propriedade rural", enumera.

Ainda como técnicas para produzir mais com menos recursos, Euclides Maranho destaca os sistemas de produção integrados, a realização da inoculação e o tratamento de sementes, além da adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Análise de perto

A sustentabilidade não pode ser analisada só pela agricultura. "Precisamos entender que o produtor só produz mais porque do outro lado existe uma demanda cada vez mais audaciosa. A agricultura carrega um fardo muito pesado, o de que é a que polui, a que destrói, e assim por diante. Pelo que me consta, a grande maioria dos rios são poluídos no setor urbano; as grandes cidades não preservam a mata ciliar dos rios, ou será que São Paulo ou Porto Alegre, por exemplo, preservam a mata ciliar dos rios Tietê ou Guaíba? O leite, por exemplo, sai da unidade de produção rural e chega até a cidade em grandes tanques, que são reutilizáveis. Posteriormente, o produto sofre o processo de agroindustrialização, sendo embalado em caixas ou outras embalagens que, na sua grande maioria, após o consumo do produto, vão para os lixões ou o fundo do leito de córregos e rios, e algumas demoram mais de cem anos para serem deterioradas pelo meio ambiente", desabafa Maranho.

Obviamente, completa, se a sustentabilidade puder ser construída a partir de um pensamento comum, de que todos participem, a agricultura será uma das grandes beneficiadas, já que em seus processos de produção podem ser inseridas tecnologias ambientalmente corretas - as matas ciliares e APP's previstas no novo Código Florestal, após aprovado, com certeza serão repostas e preservadas.

Bom para o produtor e para o meio ambiente

Importante lembrar que os agricultores que praticam a agricultura com baixa emissão de gás carbônico e, principalmente, que desenvolvem atividades que promovem o sequestro de carbono, podem ter uma renda alternativa na venda dos créditos de carbono. "Assim, se todos os processos de produção, agregação de valores, distribuição e consumo dos alimentos forem em busca da sustentabilidade, com certeza não só a agricultura, mas todos os seres que habitam este planeta serão os grandes beneficiados", avalia Euclides Maranho.

Para ele, por uma questão óbvia, a região Norte do Brasil, onde está a Amazônia, é aquela que mais está sendo questionada quanto à sustentabilidade. Nessa região, já houve ações de sequestro de animais criados em áreas de APP's ou reservas legais.

O Código Florestal prevê que 80% da área seja preservada com a vegetação nativa, além de considerar que grandes áreas são preservadas com parques nacionais ou reservas indígenas. No entanto, pela maior densidade demográfica e pela alta atividade das regiões Sul e Sudeste, existem bons exemplos de ações desenvolvidas com o intuito de promover a agricultura sustentável, a exemplo do crescente aproveitamento de resíduos agroindustriais para a cogeração de energia; do aumento considerável do sistema de plantio direto, ou do plantio com o mínimo de revolvimento do solo; da redução de utilização de nitrogênio na agricultura devido à prática da inoculação de organismos que promovem a fixação de nitrogênio atmosférico, entre outras.

A região Centro-Oeste, que é responsável pela produção de um grande volume de produtos da agricultura, por ser um bioma vulnerável devido a grandes estiagens, à fragilidade de sua vegetação nativa e dos solos, na sua grande maioria com menores teores de argila, o que facilita a rápida exaustão de sua capacidade produtiva, precisa de algumas ações no sentido de definir até quando os recursos naturais podem oferecer condições para a obtenção de resultados tão significativos quanto os que estão ocorrendo atualmente.

O pesquisador Euclides Maranho não tem dúvidas de que ainda existem muitas áreas a serem inseridas no processo, o que deverá proporcionar um crescimento enorme do volume de produção.

FONTE: REVISTA CAMPO & NEGOCIOS

Milho: Acordando para a nova realidade

Situação Mundial




Em momentos de crise, é comum a ansiedade tomar conta da situação, gerando ainda mais incertezas em relação ao futuro. O resultado é que os números discutidos costumam ser muito piores do que os observados quando a poeira assenta. Infelizmente, esse não parece ser o caso da atual seca nos Estados Unidos. No relatório de agosto do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), relativo às estimativas de oferta e demanda da agricultura, a projeção para a próxima safra de milho do país caiu mais 55 milhões de toneladas em relação ao projetado anteriormente. Quando comparada à projeção do mês de julho, essa queda alcança mais de 100 milhões de toneladas. Apesar de estar aquém do projetado no início da safra, a projeção anterior de 329 milhões de toneladas ainda seria a segunda maior colheita da história norte-americana, mas segundo o USDA esse valor cairá para 273 milhões (quantidade semelhante à obtida na safra 2006/07). Esse número não muda a posição norte-americana de maior produtor mundial de milho, mas os seus efeitos sobre o amanhã podem ser profundos. A boa notícia é que, nos últimos relatórios sobre a seca, parece que a mesma deu uma trégua no cinturão do milho, apesar de que o estrago já foi feito.

Devido à complexidade da cadeia produtiva do milho (há mais de 3.500 usos diferentes para esse cereal nos Estados Unidos), o aumento de preços deve ser generalizado, se difundindo ao longo da cadeia produtiva do milho (avançando, principalmente, para o setor de aves, suínos, carne de boi e laticínios). Há anos tem se discutido o perigo futuro da inflação de alimentos, decorrente da incapacidade de atender ao acréscimo da demanda derivada do aumento tanto da população como da renda a nível mundial. Parece que o futuro é agora, pois a seca nos Estados Unidos pode ter encerrado o ciclo de alimentos baratos. Assim, é preciso acordar para a nova realidade. O índice de preços da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) subiu 6% apenas em julho e deve subir novamente no levantamento de agosto. Dependendo das respostas das lavouras no próximo ano, o patamar de US$ 8,00 por bushel (US$ 338,57 por tonelada) nos Estados Unidos se tornará um piso, ao invés de teto, para os preços do cereal. Segundo o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), para os preços do milho se manterem estáveis nas próximas quatro décadas, a produtividade deve crescer em 1,7% a.a. Essa taxa de crescimento é inferior à que se observou ao longo das últimas quatro décadas, no Brasil e no mundo, mas o problema é que agora precisar-se-á aumentar a produtividade com a utilização de menos insumos e condições climáticas mais adversas.

Para piorar, se os países exportadores passarem a restringir exportações para manter o suprimento interno em níveis seguros, a situação se agravará. No caso do milho especificamente, dois dos grandes players mundiais, Argentina e Ucrânia, possuem longa tradição de controlar exportações para segurar preços internos. Segundo o banco de investimentos Barclays, há uma alta probabilidade de que restrições comerciais apareçam nos países produtores e exportadores da região do Mar Negro (grande exportadora de trigo e, agora, de milho). O resultado pode ser uma nova crise alimentar como a ocorrida em 2007/08.

No final das contas, os mais pobres acabam sofrendo um impacto maior com a escalada de preços. O New York Times reportou, recentemente, que países africanos como Costa do Marfim, Mali e Niger estão derrubando tarifas de importação para segurar a alta dos preços de alimentos. O objetivo desses países é evitar as revoltas ocorridas em decorrência da crise alimentar de anos atrás. Por outro lado, preços mais altos podem incentivar a implantação de políticas de incentivo à produção interna nos países dependentes de importações de produtos agrícolas. O problema é que alguns dos países subdesenvolvidos que se defrontam com tal situação costumam responder aos estímulos de forma ineficiente.

Situação Interna

No décimo primeiro levantamento de safra de milho no Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou um acréscimo de quatro milhões de toneladas acima da estimativa que consta do estimado no levantamento anterior. De aumento em aumento, a produção estimada na segunda safra foi para 38,56 milhões de toneladas. Essa é uma informação emblemática, pois confirma a segunda safra de milho como a maior do Brasil. Assim, somando ambas as safras, a produção brasileira de milho no momento está estimada, segundo a Conab, em 72,78 milhões de toneladas. As estimativas finais não devem destoar desse valor, o que garante a safra de milho 2012/13 como a maior da história do Brasil, valor 24% superior à segunda maior colheita já obtida e 27% superior ao colhido em 2010/11.

O resultado final é um imenso estoque de milho, que tem que ser escoado até a entrada da safra de soja. A salvação foi a seca norte-americana, que elevou a níveis estratosféricos os preços do milho nos mercados internacionais. O problema é que, para isto, será necessário que o país exporte mais de 14 milhões de toneladas de milho (mesmo assim, vai sobrar um estoque de passagem de 14 milhões de toneladas, com potencial para afetar os preços na próxima safra). Qual a dificuldade dessa situação? Caso exportemos os mesmos quantitativos que foram alcançados nos meses do segundo semestre de 2010 (ano recorde das exportações brasileiras de milho), chegaremos ao fim do ano com um montante de 12 milhões de toneladas. Com as exportações de janeiro e fevereiro de 2013, poderemos chegar aos 14 milhões sem forçar a infraestrutura brasileira além do que já se verificou em anos passados. O real problema começa aí, com o início das exportações de soja. O preço mais alto da soja torna-a prioritária no espaço reduzido de nossos portos.

No que diz respeito ao consumo interno, ajustes terão que ser efetuados pelos setores de produção de carne. Isto se dá em decorrência da elevação dos preços internacionais do milho, caso o mesmo não ocorra em relação aos preços de carnes de aves e suínos. Como isto também vai acontecer, ainda é muito cedo para especular sobre o que vai ser o mercado de milho no próximo ano. A única certeza é que teremos mais um ano de preços elevados, tanto de milho como de carnes.

Como isto afeta os agricultores? De um lado, temos preços muito estimulantes nesta altura do ano (tão estimulantes que as empresas de insumos já começam a ensaiar aumentos nos preços de seus produtos). O contraponto é que os preços da soja também estão em alta (e devem continuar) e a queda de braço entre soja e milho pela área disponível para plantio vai se verificar durante a instalação da safra de verão. Vai sobrar para as áreas com pastagem (e, dentre elas, aquelas ditas degradadas – o que pode ser uma ótima oportunidade para iniciar um processo de recuperação das pastagens ou mesmo de transição para o sistema de integração lavoura-pecuária).

A primeira informação relativa à mencionada queda de braços vem do Rio Grande do Sul, onde levantamentos preliminares da Emater-RS indicam uma redução de 6% na área plantada com milho (o que significa um retorno à área plantada com este cereal para o quantitativo de 2010). Sendo que essa redução pode chegar a 12%, segundo o levantamento realizado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do sul (Farsul).

O ano agrícola 2011/12 ficará marcado na história da cultura de milho no Brasil como um divisor de águas. No ano que passou, acompanhamos uma série de eventos que deverão reestruturar os mercados interno e mundial de milho. Internamente, tem-se o Centro-Oeste se tornando a maior região produtora de milho no país, algo que deve se consolidar nos próximos anos. Em decorrência disso, a segunda safra também se estabelecerá como a maior safra, o que fará a expressão “safrinha” cair definitivamente em desuso. Externamente, a progressiva diminuição do market share dos Estados Unidos no comércio mundial se acentuará com a seca que o país vem passando. Tal evento climático adverso também colocou em cheque a nova matriz energética norte-americana, que, se sustentada, pode induzir a uma crise mundial de alimentos. A realidade mudou, mas acordamos para ela?

FONTE: PORTAL DO AGRONEGÓCIO

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